Extractos da Exortação do Papa Leão XIV

(Dilexi te)

No dia 04 de Outubro, o Papa Leão XIV publicou a sua 1ª Exortação sobre os Pobres, que Jesus Cristo colocou no centro da sua Mensagem e o Concílio Vaticano II, no centro da Igreja. Infelizmente, a grande preocupação da Igreja parece continuar a ser a da liturgia da prática religiosa, quando a liturgia que deve distinguir os Cristãos é a da prática da Caridade, que o Papa procura comprovar a partir da Sagrada Escritura e da história da Igreja, desde o seu início, até à actualidade.

“A Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes, pois sabe que o Evangelho só é crível quando se traduz em gestos de proximidade e de acolhimento… (Nº 75).

“ Servir os pobres não é um gesto a ser feito “de cima para baixo”, mas um encontro entre iguais… A Igreja, portanto, quando se curva para cuidar dos pobres, assume sua postura mais elevada (= a sua missão de servir) (Nº 79).

“(Diante) do individualismo’ em vigor, parece não fazer sentido investir nos … fracos e/ou menos dotados… Os menos dotados não são seres humanos? Os mais fracos não têm a nossa mesma dignidade? Aqueles que nasceram com menos possibilidades valem menos como seres humanos e devem limitar-se apenas a sobreviver? A resposta que damos a estas perguntas determina o valor das nossas sociedades e dela também depende o nosso futuro: ou reconquistamos a nossa dignidade moral e espiritual ou caímos numa espécie de poço de imundície…” (Nº 95).

 “Nesta perspectiva, torna-se clara a necessidade de que todos nos deixemos evangelizar pelos pobres e reconheçamos a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar, através deles. Crescidos em extrema precariedade, aprendendo a sobreviver nas condições mais adversas, confiando em Deus com a certeza de que mais ninguém os leva a sério, ajudando-se mutuamente nos momentos mais sombrios, os pobres aprenderam muitas coisas que guardam no mistério dos seus corações. Aqueles de entre nós que não fizeram experiências semelhantes … têm muito a receber da fonte de sabedoria que é a experiência dos pobres …” (Nº 102).

“Por vezes, em alguns movimentos ou grupos cristãos, nota-se a falta ou mesmo a ausência de compromisso pelo bem comum da sociedade e, em particular, pela defesa e promoção dos mais fracos e desfavorecidos. A este respeito, é preciso recordar que a religião, especialmente a cristã, não pode ser confinada à esfera privada, como se os fiéis não devessem interessar-se também pelos problemas relacionados com a sociedade civil…” (Nº 112).

“Se uma comunidade da Igreja não coopera para a inclusão de todos, correrá o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os Governos. Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulado em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (Nº 113).