E agora? … Continuar a navegar é preciso …
Com a morte do Papa Francisco, as forças anti-Francisco têm agora a sua oportunidade de “consertar” a Igreja Católica, mas, no entanto, quero acreditar que as reformas de Francisco perdurarão para sempre.
Isso inclui a sua maior reforma, o Sínodo sobre a Sinodalidade, o programa mundial de oração e diálogo sobre como a Igreja pode viver a sua missão no futuro. Nos últimos três anos, centenas de milhares de católicos passaram horas incontáveis nas suas paróquias, dioceses, ordens religiosas, escolas e outras organizações a falar sobre a Igreja – o que é, o que significa, qual a melhor forma de espalhar o Evangelho.
Centenas de milhares de outros não o fizeram. Ou seja, demasiados bispos e pastores consideraram o exercício uma perda de tempo e ou falaram da boca para fora ou ignoraram-no completamente. Eles sabem quem são, tal como toda a gente. Agora, os seus representantes nos media dizem que a próxima fase do Sínodo é pior. Trata-se de gente desiludida com o Papa Francisco mas, provavelmente, também desiludida com Jesus Cristo.
Porquê? Será que a visão sinodal do Papa funciona?
Precisamente quando os católicos mais conservadores pensavam que toda esta conversa iria acabar, e quando certos clérigos pensavam que a Igreja poderia regressar a uma metodologia mais sensata (e eficiente) de rezar-pagar-obedecer, Francisco ainda foi a tempo de anunciar uma fase de implementação de três anos de sinodalidade que conduzirá a uma “assembleia eclesial” final em outubro de 2028.
Os anti-Francisco temem o que é incontornável: a Assembleia Eclesial reflectirá mais ou menos a demografia da Ecclesia (Igreja), na qual o clero, para não falar dos bispos, constitui uma pequena fração do número de católicos baptizados.
Será que deixar os não-bispos verem o que está por detrás da cortina é assim tão mau?
Não houve, nem pode haver, qualquer ataque ao magistério católico resultante do sínodo ou das suas aplicações em curso. Ninguém está a recomendar uma votação sobre a Trindade. As pessoas estão apenas sentadas com os bispos a tentar melhorar a Igreja.
Exigir conselhos pastorais é um ótimo começo; exigir que sejam consultados seria ainda melhor. Isso significa vigilância, transparência e responsabilidade.
Um olhar mais atento aos programas dos seminários poderia resultar em padres mais bem formados, que não estivessem infectados com o tipo de clericalismo que afasta as pessoas.
O fim do celibato obrigatório e a restauração do ministério ordenado formal para as mulheres como diáconos não põe em perigo nenhuma doutrina.
Se a maré estiver favorável, os projectos para os próximos três anos sinodais deverão ser apresentados dentro de alguns meses. Resta saber quem irá liderar o esforço. Mas não se pode parar.
Confiamos que o Espírito Santo não tem marcha-atrás e iluminará a Igreja, convidada a percorrer os caminhos abertos por Francisco. Com pesar, mas animados pelo testemunho do Papa Francisco e neste tempo de renovação pascal, é nosso dever continuar o seu legado de esperança ao mundo.