Evangelho de São João
Para quem chega ao Evangelho segundo João após a leitura dos Evangelhos de Marcos, Mateus ou Lucas, o que vai encontrar agora criar-lhe-á uma forte sensação de originalidade. Não há parábolas, não há exorcismos e não há desaprovação verbalizada por Jesus em relação aos ricos. É neste Evangelho que Jesus diz «Eu não julgo ninguém» (8.15) e, talvez por isso, é o único dos quatro Evangelhos em que ele não condena o divórcio. É o único Evangelho em que Jesus chora (11,35). Curiosamente, ele, aqui, não exige dos que com ele contactam a ocultação do facto de ele ser o Messias. Que Jesus é o Cristo, o Messias, o filho de Deus e o rei de Israel fica logo estabelecido no primeiro capítulo de João. A própria palavra semítica «Messias» só se encontra neste Evangelho, dotado sob todos os pontos de vista de um vocabulário próprio e inconfundível. «No princípio era o lógos e o lógos estava com Deus e Deus era o lógos.» Quem terá escrito semelhante coisa?