A vila marítima de Alvor localiza-se no litoral do barlavento algarvio, sobranceira ao mar , bem junto ao rio com o mesmo nome, estando encravada no eixo litoral entre Lagos e Portimão. Alguns autore defendem a hipótese de que terá sido fundada pelo Cartaginês Aníbal, aquando das guerras púnicas, por volta do ano 437 a.C. (cf. Henrique Fernandes Sarrão). Teresa Gamito, em conclusão de vários estudos arqueológicos feitos no local, afirma ter existido no sítio da Vila Velha, uma importante cidade ibérica, denominada Ipses, com funções de relevo no comércio e na defesa da zona e que terá chegado a cunhar moeda, o que atesta a sua importância. A influência romana está significativamente documentada através de fragmentos de estátuas, colunas, capitéis, pavimentos de mosaico, lápides, moedas, tanques de salga, etç. Autores há, porém,que defendem a hipótese da sua fundação no ano de 716, com base no pressuposto etimológico de que a palavra Alvor deriva da palavra árabe Albur, campo inculto. Na verdade, entre os anos 711 e 713, a península ibérica é alvo de invasões por parte de povos oriundos do Norte de África e de origem árabe. Foram detetados vestígios de ocupação agrícola árabe no sítio da Vila Velha.
No alvorecer da medievalidade a estrutura social alvorense reflete as relações económico-sociais relacionadas com a apropriação da terra e com os rendimentos provenientes do comércio marítimo e das pescas. Em 1314, por carta de privilégios, D. Dinis concede aos habitantes de Alvor diversos privilégios. Em 1378, por decisão de D. Fernando, o lugar de Alvor é adstrito à cidade de Silves. Durante muitos anos Alvor é palco de disputas em matéria de autonomia administrativa e de estatuto de vila. No reinado de D. João II, Alvor ganha uma dimensão mediática até aí inexistente, pois passa a lugar de eleição para as deslocações de D. João II e é aí que, no ano de 1495, a povoação o acolhe no seu leito de morte. Nesse mesmo ano, após a morte de D. João, D. Manuel desanexa Alvor do termo de Silves e eleva-a novamente à condição de vila. Nos séculos seguintes, Alvor vai viver fortemente da atividade piscatória e, já, nos anos sessenta do século XX, a Construção Civil e o Turismo vão predominar sobre as pescas.
No interior da Vila encontram-se vestígios árabes, na zona designada Ipses ou Vila Velha, e três edificações identificadas como Morabitos, destinadas ao culto dos homens santos muçulmanos ou “Santões”. Um deles, localizado junto ao cemitério, está transformado em capela de S. Pedro. Outro encontra-se anexado à Igreja Matriz. Um terceiro Morabito encontra-se na parte mais elevada da Vila, na atual rua Infante D. Henrique; a sua denominação foi cristianizada, a atestar pela inscrição fronteira, “ego vox clamantis in deserto”: daí a sua designação por capela de S. João. A Igreja Matriz de Alvor foi construída na primeira década do século XVI, e “é o monumento manuelino mais completo e de melhor qualidade em todo o Algarve” (Manuel Ramos). Atualmente a paróquia de Alvor organiza-se em três Centros Pastorais: Alvor/Matriz, Montes de Alvor e Penina.