Mensagem IV aos paroquianos

Foi uma semana cheia, aquela que hoje termina.

A crise política aberta com a demissão do Primeiro Ministro e a marcação de eleições legislativas caiu como uma bomba demolidora, que atinge a todos. E que leva a muitas interrogações pessoais a «tocarem» o sentido da vida, tantas delas abusivamente esquecidas. Já não chegavam aquelas que as imagens de violência e de morte nos chegam todos os dias, seja da Ucrânia, seja do Médio Oriente, esquecidos que estão muitos outros conflitos mortíferos, que não merecem o interesse dos média.

Convidado a conhecer a Santa Casa da Misericórdia de Alvor, pude observar a alegria de quem ali vive. Toda ela natural e não forçada. Nas crianças da creche, como é óbvio, pois a abertura à vida e ao sonho ainda está imune a artificializações da «engenharia social» ideológica: temos crianças felizes, felizmente; temos quem cuide e com gosto pelo que fazem; temos quem oriente e decida, apenas pelo gosto de servir. No lar de idosos, fui recebido com cânticos, a muitas vozes, carregadas de vida, feita saudade, maturidade e afeto sentido. No centro de dia, idêntica alegria naqueles que o frequentam numa casa cuidada com gosto pessoal de quem a orienta. Por cima de tudo isto, uma Mesa Administrativa de voluntários, com sonhos e em luta contra as adversidades e restrições financeiras. Foi bom ouvir, do Provedor Mário Freitas, que uma das mais-valias da Casa é o pessoal, diretores e funcionários, dedicado e competente. É sempre bom ouvir dizer bem, num tempo em que todos se lamentam e a maledicência envenena as relações humanas.

Na primeira reunião dos padres com o bispo, na região pastoral do Barlavento, sediada em Portimão, éramos 16. Bem acolhido por todos, comunguei dos dinamismos desta Igreja Diocesana. Partilhei o que sou e a experiência que trago dos 19 anos passados em Barcelos. Situações e dificuldades parecidas e igual empenho em buscar os melhores caminhos no serviço ao povo de Deus. Boa partilha entre o clero mais jovem e o mais idoso. Presentes três diáconos permanentes. No final, todos juntos à mesa. Marcação do serviço de confissões de Advento: para mim a oportunidade de conhecer as paróquias desta região.

Por último, no conhecer os cantos à casa, foi bom ouvir os dinamismos de espiritualidade de alguns grupos que se juntam para rezar, o serviço aos doentes e o lugar dos jovens, não tanto o «lugar que ocupam» mas o «lugar que são chamados a ocupar» na Paróquia.

Não faltam razões para a Esperança. Dou graças a Deus.

P. Abílio Cardoso