Mensagem aos paroquianos II
Passei as duas últimas semanas a ouvir. A minha primeira atitude «sinodal», na missão que me foi confiada, é a de pôr-me à escuta. No respeito de uma história de fé e das suas expressões concretas, desenvolvidas ao longo dos tempos. É o respeito do Hoje pelo Ontem.
Quando aceitei esta missão, logo tomei consciência de que não vinha para o Algarve como Mestre para ensinar, sobrevalorizando a minha experiência pastoral, que a idade justifica. Vim para aprender a ser algarvio, enriquecendo a minha própria fé.
É natural que surja o desejo de conhecer a minha própria reflexão, após duas semanas de contatos havidos, em várias reuniões convocadas. Com transparência total, sem reservas estratégicas, mas com a confiança total em Deus e nas pessoas, me digo, me exponho.
Dou-me conta de uma história de vida cristã que já foi florescente, mas que se encontra um pouco adormecida. Comungo desta visão de muitos, que a exprimem com desejo forte de se voltar aos tempos antes da pandemia, reconhecendo que esta já não pode ser responsabilizada pelas «igrejas vazias». Despertar o sentido de Deus em cada pessoa, valorizar o sentido comunitário do ato de crer em Jesus Cristo e redescobrir o lugar da Igreja no quotidiano, é o desejo de todos aqueles que aceitaram expor-se ao pároco «novo».
Notei que muitos dos presentes vinham quase todos os dias, sinal de que o número de comprometidos na Paróquia não é elevado e que muitos estão disponíveis para tudo. Importa um novo equilíbrio a partir da consciência batismal que justifica o «todos, todos, todos», cada um dando o possível para o bem de todos e recebendo de todos os outros aquilo de que necessita. Daí justificar-se a pergunta lançada a todos «qual o meu lugar na Paróquia?». Um apelo que todos aqueles que o ouvirem devem levá-lo a todos aqueles que não o ouviram.
Em breve, espero poder apresentar algumas linhas de orientação para a nossa vida comunitária. Sempre a partir da confiança em Deus, traduzida na confiança uns nos outros, num processo de escuta sinodal da voz do Espírito Santo e com a alegria de quem se sente habitado pela Presença de Deus.
P. Abílio Cardoso