Caros Paroquianos,
Aproximamo-nos do tempo principal e fundamental da nossa Fé, a celebração da Páscoa. Infelizmente, este ano não a poderemos celebrar com a alegria, cânticos e festa que é costume, mas na simplicidade dos nossos lares e no seio das nossas famílias. Este é o tempo da Igreja doméstica! Este é o tempo da família regressar às suas origens e, tal como no tempo do Primeiro Israel, que não celebrou num Templo de grandes e maravilhosas pedras mas sim na simplicidade das suas casas, salvaguardarmo-nos do “anjo exterminador” que assola e grassa neste mundo. É tempo de recolhimento e de oração… é tempo de reavivar o dom do nosso baptismo e a vitalidade da nossa Fé.
Como vosso Pastor, para esta noite de Sábado Santo, convido-vos a reflectir, em família, nestes três pontos tão interessantes e actuais:
a) – Segundo a Teologia Judaica, a Páscoa, mais do que celebrar a travessia do Mar Vermelho, celebra o libertação do Povo de Israel do anjo que passou pelo Casa do Egipto e feriu os seus primogénitos. Os umbrais das suas casa forma marcados com o sangue de um cordeiro que era comido por cada família. Nós, novo Israel, também estamos marcados com o sangue do Primogénito de Deus, Jesus, o Cordeiro imolado para nossa libertação. E, neste tempo de pandemia, em que o “anjo” quer reclamar mais vidas, não queiramos manter o nosso coração duro como o do Faraó, mas abramo-nos à Graça que nos foi concedida por parte de Deus.
b) – Segundo a Liturgia Judaica, antes da Páscoa, queima-se o fermento que exista em casa, como sinal de destruição de tudo aquilo que é mau dentro do coração humano. Jesus, nosso Mestre e Salvador, dizia aos seus Discípulos: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus”… Que, neste tempo de Páscoa, queimemos o fermento da malícia, maledicência, desânimo e de tudo aquilo que possa significar mal nas nossas vidas ou nos nossos corações. Recordemos as palavras de Paulo, que dizia: « Não sabeis que um pouco de fermento faz com que toda a massa fique fermentada? Livrai-vos do fermento velho, a fim de que sejais massa nova e sem fermento, assim como certamente, sois. Porquanto, Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi sacrificado. Por isso, celebremos a festa, não com fermento velho, nem com o fermento do maligno e da corrupção, mas com os pães sem fermento da sinceridade e da verdade.» (1 cor.5,6-8).
c) – Segundo a Teologia Judaica, na Páscoa celebra-se o “Memorial da Saída do Egipto”. Nesta noite, tenhamos em mente também, nós, novo Israel, o “Memorial” da nossa libertação, em que Jesus, o Crucificado, ressuscitou glorioso dentre os mortos e, pela Sua morte, também nós somos chamados à ressurreição e vida eterna.
Aproveito para desejar aos nossos paroquianos uma Santa Páscoa e que, nosso próximo ano, possamos celebrá-la já na grande família das nossas comunidades.
O vosso Pastor:
P. Miguel